Ao belo cabe prender o cisco: a parresia literária nas crônicas de Clarice Lispector

Ao belo cabe prender o cisco: a parresia literária nas crônicas de Clarice Lispector é resultado de uma pesquisa maior em torno da obra A descoberta do mundo, da escritora Clarice Lispector, que reúne cerca de 400 crônicas, inicialmente publicadas no Jornal do Brasil, entre as décadas de 1960 e 1970. Ao belo cabe prender o cisco propõe dois novos termos para caracterizar a particular narrativa da escritora: o primeiro caracteriza a própria cronista como preceptora, porque capta dados da realidade social promovendo uma mudança de lugar epistêmico, isto é, conduz o leitor a ter a mesma percepção que a escritora tem, sem, no entanto, “sair” do seu lugar epistêmico; o segundo termo é parresia, que traduz a “ousadia” e o engajamento da escritor ao tratar de assuntos de cunho social e político, tais como a fome, a pobreza e a situação do país durante o regime ditatorial. Embora a obra de Clarice Lispector seja abordada por muitos pesquisadores e a partir de inúmeras perspectivas, este livro contribui para pesquisas acadêmicas, sobretudo aquelas que pretendem aprofundar os estudos sobre as crônicas de Lispector e, até mesmo, ir além ao identificar as características de cronista preceptor e a parresia literária também em outros cronistas.